SÃO PAULO - Após 13 duras e longas rodadas de negociações, o Comando Nacional dos Bancários arrancou, no último sábado (31 de agosto), proposta da Fenaban, que garante a unidade da categoria com manutenção de todos os direitos e ampliação de 10 novas cláusulas para a renovação da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT), para 2024 e 2025. Assembleias serão realizadas na próxima quarta (4) e comando indica a aprovação. Foram mais de 2 meses de negociações.
Nas cláusulas econômicas, a categoria terá reajuste de 4,64% nos salários e demais verbas, incluindo vales alimentação (VA), refeição (VR), auxílio creche/babá e participação nos lucros e resultados (PLR) neste ano, para um INPC estimado de 3,91%, o que daria um ganho real de 0,7%. Para 2025, o aumento real será de 0,6% para salários, PLR, VA/VR e demais cláusulas econômicas.
O ganho real de 2024 e 2025, portanto, será de pelo menos 1,31%, podendo ficar acima disso a depender do INPC de agosto, que será divulgado pelo IBGE somente em 10 de setembro.
“Os bancos tentaram dividir a categoria, retirar direitos e fizeram de tudo para rebaixar o reajuste, para que ficasse inferior à inflação. Foi uma negociação muito difícil”, destacou a coordenadora do Comando Nacional dos Bancários e presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira. “Todo esse esforço reflete o histórico de luta e força das bancárias e bancários que os bancos quiseram minar. Caso o resultado dessa negociação seja aprovado pelas bases, vamos passar de 119 para 129 cláusulas negociadas. Desse total, 116 são superiores à lei, ou seja, inovações que não têm previsão legal. Isso faz com que o acordo dos bancários continue sendo referência para as demais categorias”, completou.
Veja conquistas das cláusulas econômicas na tabela abaixo:
“Entre as conquistas sociais deste ano, estão o abono de ausência para conserto ou reparo de próteses aos trabalhadores com deficiência; iniciativas de requalificação para que os trabalhadores se adaptem às mudanças tecnológicas, com ênfase às mulheres; e Censo da Diversidade”, destacou Juvandia.
A também coordenadora do Comando Nacional, Neiva Ribeiro, ressaltou que sem união a categoria não teria conseguido chegar ao resultado da proposta que será agora submetida às bases em assembleias. “Nossa resistência na mesa e nossa união e mobilização nas ruas e nas redes sociais foram fundamentais para que os bancos recuassem e conseguíssemos arrancar uma proposta com ganhos reais, sem divisão da categoria, com respeito à data base dos bancários, e ainda avanços em 10 novas cláusulas”, reforçou.
PERSPECTIVA DE INFLAÇÃO - O Banco Central projeta uma variação inflacionária de 0,05% para o mês de agosto. Mas essa estimativa tem sido revisada continuamente para baixo. No início de agosto, a previsão era um INPC de 0,11%, o que representa o dobro do percentual atual. Enquanto que o IPCA-15, prévia da inflação oficial, registrou queda nos preços do grupo de alimentos (-0,8%), componente de maior peso no INPC, índice comumente utilizado nas negociações coletivas.
Dos 387 itens da cesta de produtos analisados no IPCA-15, 42% apresentaram variação negativa. Caso esse cenário se confirme, a tendência é que o acumulado até a data-base, em 1º de setembro, fique abaixo de 3,91%, o que pode resultar em ganho real maior para a categoria.
Fonte: Afubesp